Em vídeos rápidos, pesquisadores recebem dicas de redação científica

Postado por: Paulo Vinicius Furlan

As universidades são centros de desenvolvimento de pesquisas das mais diversas áreas do conhecimento, porém, alguns pesquisadores em formação possuem dificuldade em transpor os dados coletados e experimentos realizados para artigos científicos bem redigidos que irão divulgar seu trabalho.

Para atender essa demanda, o projeto Dicas de Redação Científica foi aprovado no edital UFMS Contra o Coronavírus. “Uma das preocupações recorrentes dos meus colegas orientadores da pós-graduação é que muito do conteúdo produzido nos laboratórios acabam, eventualmente, virando artigo científico e há alunos que não sabem redigir”, conta o professor Giuseppe Câmara, coordenador da ação. “A partir dessa lógica, desejo ensinar a alunos de graduação e pós-graduação, sejam mestres ou doutores, a redigir e também sobre como a filosofia usada na ciência e pela ciência embasa esse tipo de escrita”.

De acordo com Giuseppe, essa preocupação motivou a inauguração da disciplina de redação de textos científicos no Programa de Pós-Graduação em Química. O conteúdo da disciplina foi adaptado e virou o Dicas de Redação Científica, com aulas em vídeo de duração máxima de cinco minutos.

Os vídeos do projeto são divulgados no YouTube da TV UFMS e até o momento dois vídeos já foram publicados. Segundo o professor, “através de plataformas de divulgação online, espero que a gente consiga ampliar o alcance dessas coisas que vêm sendo discutidas na disciplina e eu o YouTube se presta muito bem para isso, porque normalmente eu tenho cerca de 20 a 25 alunos que se matriculam na disciplina da pós-graduação e os primeiros vídeos que eu postei no canal e mandei para a TV UFMS tiveram mais de 200 visualizações, então nós estamos falando de um alcance de magnitude maior”.

Para Giuseppe, a importância do projeto está na significativa melhora da divulgação e difusão das pesquisas científicas brasileiras. “Muitos dos trabalhos dos nossos pós-graduandos – e isso eu posso falar em termos de Brasil, porque eu já ministrei essa disciplina em forma de minicursos por aí – ficam muito bons em termos de qualidade da obtenção dos dados, mas que ficam mascarados atrás de um texto mal escrito e aí eventualmente esses trabalhos não são publicados ou são publicados em revistas de alcance menor do que eles teriam potencial”, afirma.

Outro objetivo do projeto é contribuir com os pesquisadores que, neste momento de isolamento social, estão focados em suas dissertações e artigos por não poderem desenvolver atividades práticas nos laboratórios. “Muitos alunos estão preocupados com o que fazer nesse tempo em que eles não podem ir para o laboratório, vendo isso como uma perda de tempo, então também é objetivo do projeto mostrar que eles podem aproveitar esse tempo em que eles não realizam novos experimentos para redigir sobre aqueles dados que eles já coletaram”.

Texto: Leticia Bueno